segunda-feira, 28 de novembro de 2016

É muita série pra pouca vida sim, mas isso é bom!

Filmes, séries e mais filmes e séries nos catálogos online!

Há pouco tempo atrás refletíamos como a internet (e os serviços via streaming por consequência) tornaram obsoletas as antigas vídeo locadoras, até mesmo a necessidade das mídias físicas para assistir filmes ou séries. É fato que há um bom tempo já não se aluga mais nada, e o público que compra um DVD de algum filme ou um box de uma série é pelo puro prazer de colecionar aquilo o que mais gosta.

O streaming agora está num estágio avançado de crescimento, e começa a incomodar as emissoras de televisão, que já precisa dar os seus pulos para se adaptar à nova realidade. De antemão, já adianto que eu não acredito no fim das emissoras, não a curto prazo pelo menos. De todo modo, elas precisam jogar o jogo do “online” e “on demand” e já estão mais do que cientes disso, pois os serviços de streaming já estão tomando uma fatia de seu mercado. Em abril deste ano, a Netflix somava 81 milhões de assinaturas pelo mundo, um número bastante significante. Aliás, só no Brasil a empresa fatura pouco mais de R$ 1,1 bilhão (pouco mais que o SBT, por exemplo).

Pra quê esperar a hora de um filme "x" na programação se você pode dar um play agora?

A maioria dos canais já possuem veiculadas a sua assinatura o seus “plays”, que disponibilizam o seu acesso online. Fox Play, Globosat play, HBO Go são alguns de tantos outros exemplos que podemos citar. É interessante exemplificar o caso clássico do maior canal aberto que temos em rede nacional. A Globo tem voltado atenção a esse público que consome o conteúdo online, tanto na produção de séries mais dinâmicas, quanto na disponibilidade delas. Verdades secretas, Justiça e SuperMax foram produções que receberam atenção especial nesse sentido, pois os episódios sempre estavam disponíveis via Globo Play com antecedência.


Quem ganha com tudo isso somos nós telespectadores. A oferta continua aumentando consideravelmente, pois meios como a Netflix agora também produzem suas próprias séries (ainda que as emissoras não ficam muito pra trás). Trata-se de meios muito atrativos também por dar a possibilidade do telespectador poder assistir quando e onde puder, no seu ritmo, e a ausência de comerciais otimiza ainda mais o tempo. De todo modo, não deixa de ser algo contraditório, como em tudo na velocidade que vivemos atualmente. Se a oferta aumentou e agora sobram possibilidades, perdemos, de certa forma, o controle (quantitativo) de tudo aquilo que queremos ver. Afinal de contas, quantas séries você se prometeu ver ultimamente e até agora nada?

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Eu vim barganhar a resenha de Doutor Estranho.

Começamos já dizendo que se você gosta de psicodelia, esse é o filme marvel pra você.  O filme Doutor Estranho, como nos quadrinhos, bebe tanto da fonte lisérgica que faria inveja a muito hippie ou fã de Pink Floyd. Tendo dito isso, vamos ao que interessa.
Na trama,Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) um grande e arrogante neurocirurgião sofre um acidente que deixa suas mãos sem a força e precisão necessária para cirurgias. Desesperado por uma cura, ele encontra um homem que deveria ser paraplégico. Este homem diz que foi curado em um templo no Nepal através da cura espiritual. Strange então desiste da medicina ocidental e vai em busca deste templo. Sua mente é extremamente materialista e por isso tem problemas para aceitar essa alternativa, mas a falta de opções lhe obriga a tentar.



Chegando no templo o protagonista é iniciado nas artes místicas pela Anciã (Tilda Swinton). Mas um dos ex-alunos da Maga Suprema Anciã se rebela e ameaça barganhar a própria terra com um deus da Dimensão Negra, O ex-doutor se vê obrigado a acelerar seus estudos e entrar em uma guerra mágica para salvar o planeta, ao lado de outros professores.



Este é, na minha opinião e na de muitos, o mais forte elenco para um filme "solo" da Marvel. Isso se faz necessário pois para segurar as viagens e psicodelias do roteiro e do visual, atores e atrizes de peso são o que conseguem ancorar o espectador na história. Benedict Cumberbatch chefia a trupe e traz muito do charme de seu personagem na excelente“Sherlock”. Ele é mais um dos babacas prepotentes como House, Dexter, etc que aprendemos a amar.

A hesitação ao abraçar a família de um paciente num momento de necessidade, são tão importantes quanto a dificuldade em lançar feitiços. O personagem é um homem material que aprende forçadamente que existe mais entre o céu e o inferno que nossa vã filosofia pode dizer. E mesmo quando ele entende isso, o uso da inteligência e do racional ainda são parte do personagem. Ele não perde sua essência apesar de aprender e evoluir.
Outro acerto é na escalação de Tilda Swinton no papel da Anciã. Apesar das polêmicas envolvendo um possível whitewashing, a atriz encarna dá um ar tão etéreo e sábio ao personagem que você acredita piamente que ela tem centenas de anos e é mais sábia que todos juntos da sala de cinema juntos.

Christine Palmer (Rachel McAdams) também não é a típica namorada do herói,. Ela não fica passíva no filme e espera ser salva. Ela inclusive salva o doutor! A turbulência do relacionamento dos dois, também serve para botar o personagem do Benedito "no seu lugar" por assim dizer.
Como pontos fracos podemos colocar a pouca coragem no roteiro que, apesar de ser místico e lisergico, espelha em muitos momentos a mesma estrutura do tecnológico Homem de Ferro 1. Além disso as motivações do vilão não são bem explicitadas e apesar de ser um grande mago com anos de treinamento não parece muito mais poderoso que Stephen Strange com poucos meses de treinamento. Ou seja. Ou O vilão é fraco ou o herói aprendeu rápido demais. Em qualquer um dos casos o filme deixa um pouco a desejar.



Com cores fortes, muito movimento e efeitos especiais impecáveis que parecem até uma evolução do que foi visto em "A Origem", o visual do filme é o que mais se destaca de longe. Quando as cenas carregam na psicodelia, você se sente em uma música do Jethro Tull, o que já fala por si só.

Para concluir, Dr Estranho é um filme que ousa no personagem, mas joga no seguro quando se falar de roteiro. Visual incrível e elenco idem sobem a média o deixando com uma nota de 7,5 cinestrelas ;)

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A soma de Mel Gibson e Coração valente significa uma coisa: FREEEEEDOOOOOM!!!

Mel Gibson, o cara em Coração valente: protagonista, roteirista e produtor do filme

No post de hoje vamos falar um "novo" clássicos. Todos nós sabemos que as diversas guerras ocorridas ao longo da história são recorrentes temas de filmes, tanto é que criou-se um gênero para tal. Dentre tantas batalhas retratadas, Coração Valente (Braveheart – 1995) é um dos longas (longo mesmo, pois são duas 2h57m) que se sobressai, ao menos no que diz respeito a premiações. Estrelado por Mel Gibson, recebeu dez indicações ao Oscar de 1996, e sagrou-se vencedor em metade delas: Melhor filme, Melhor Direção (também liderada por Mel Gibson), Melhor edição de Som, Melhor Fotografia e Melhor Maquiagem. 

Gibson interpreta William Wallace, guerreiro escocês que lutou por seu país diante do domínio inglês. Essa foi a questão central do personagem, que viu esta relação de poder interferir na sua vida pessoal. Seu pai foi morto quando ainda era criança em uma das invasões inglesas. A camponesa pela qual se apaixonou também foi morta por um nobre inglês. Wallace então comandou a missão de tornar viável a libertação escocesa por meio de batalha. Ganhou muita notoriedade devido a sua habilidade e liderança, mas no fim... Ah, esse merece ser visto (sem spoilers!), afinal as mortes, as traições e os dramas não foram vividos na vida real e no cinema para não serem vistos.

O líder escocês William Wallace em ação

É elogiável como as cenas de batalhas foram muito bem feitas. As vestimentas também retratam bem a época em que se passava o filme. Há algumas críticas por algumas questões históricas mal colocadas é verdade, e é interessante que o leitor recorra aos fatos não só neste caso, mas como em tudo o que assiste no geral. Na pior das hipóteses o filme nos traz o interesse de pesquisar as relações de poder e conflitos da época. Por fim, é interessante notar que não é por se tratar de um filme de guerra que a obra só retrate sangue. Há muita sensibilidade, trazida em grande parte pelo protagonista inclusive. A ação é realmente intensa e o filme ganha quarto Cinestrelas da produção.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Um pouco mais que sexo, mas só um pouco

No começo um choque. Os dois personagens masturbam um ao outro explicitamente, sem pudor, sem censura. Calma, não estou falando de nenhum lançamento do mundo pornô, mas sim do filme Love, do diretor Gaspar Noé. O filme não é nenhum lançamento, mas acho que vale a pena comentar sobre ele, já que muita gente não viu.





LovePosterCannes.jpg
Um dos pôsteres mais “família” desse filme.

Sem mais delongas, após a cena citada acima, encontramos Murphy com sua esposa Omi e filho em casa. Murphy se mostra frustrado com o relacionamento atual, o que só piora quando este recebe uma ligação da mãe de sua ex-namorada Electra. A partir dessa ligação é que a torrente de lembranças do relacionamento passado, que é o fio condutor da história, começa.
Pelas memórias podemos ver o começo, o meio e o fim do relacionamento entre Murphy e Electra de forma não linear, ponto acertado, já que as cenas representam a memória afetiva do protagonista .
Outro ponto interessante é a vontade do protagonista, estudante de cinema, de fazer um filme que represente o amor por meio do sexo. O sexo como forma de expressar o sentimento. Podemos ver que essa é a intenção do diretor que nos é comunicada usando o Murphy como porta-voz. Em boa parte do filme isso pode ser visto. O sexo entre os personagens demonstra sim os sentimentos. No começo o sexo entre os Murphy e Electra era mais carinhoso, no meio tinha energia, e no fim, muitas experimentações tentando resgatar um sentimento perdido, além de ser mecânico e raivoso.
images
Infelizmente, o filme também deixa a desejar em diversos pontos. O próprio sexo que ajuda muito em algumas partes, acaba se tornando repetitivo e cansativo, como se inserido a força, pra chocar. O filme poderia ser pelo menos 20 minutos mais curto se este excedente fosse simplesmente retirado. Outro ponto negativo do filme é que ele não resolve quase nada na própria história.
Vemos Murphy frustrado com o relacionamento que está, mas não fazendo nada a respeito. Lembra de Electra, liga rapidamente pra um amigo em comum e desiste novamente. Sente-se uma sensação de caminhar sem sair do lugar. O filme tem premissa interessante, mas não passa muito disso. A expressão “não fode e nem sai de cima” apesar de irônica se tratando de tal filme é verdadeira em relação ao questionamento feito por Noé, que começa bom e termina sem climax.
Em suma, se você não se importa com cenas (bastante) gráficas, Love é um filme mediano, que não vai mudar sua vida, mas te dará algo pra conversar no barzinho do fim de semana.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Mais do que falar sobre automobilismo, Rush retrata o extremo do limite humano

À esquerda Chris Hemsworth, que interpreta James Hunt e à direita Daniel Brühl com o papel de Niki Lauda

Neste fim de semana acontece mais um Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Se atualmente Niko Rosberg e Lewis Hamilton são os candidatos ao título, aproveito este gancho para analisar nas próximas linhas o filme Rush – No Limite da Emoção, lançado em 2013.

Baseado em fatos reais, a linha condutora do longa é retratar a história da luta pelos títulos mundiais da categoria no final da década de 1970 entre o britânico James Hunt e o austríaco Niki Lauda. Porém, a grande sacada da narrativa do filme de Ron Howard é a sua complexidade, que não se limita a discorrer apenas sobre o aspecto esportivo da disputa, mas como as personalidades de cada um os levam ao limite que interferem em suas vidas como um todo. Tecnicamente o filme é muito bem produzido, as cenas de ação envolvem todo o clima vivido pelos protagonistas.

Os dois sempre tiveram embates ao longo da carreira. Desde jovens, quando eram grandes promessas, até de fato serem os maiores pilotos da época. Hunt, interpretado por Chris Hemsworth, era um cara que vivia a vida sem limites, o típico galã, que adorava a noite, bebidas e os holofotes. Isso se traduzia em arrojo nas pistas, inconsequente em alguns casos.

Lauda (interpretado por Daniel Brühl), por sua vez, era muito mais frio, discreto, analítico. Isso o transformava em um completo obstinado por ser o melhor naquilo que fazia, tanto na maneira de guiar como em conhecer tecnicamente cada detalhe de seu carro e das pistas.

Hunt e Lauda em uma das muitas discussões fora da pista

Essas características de cada um entram em embate com o passar do tempo e tornam-se cada vez mais fortes nos pilotos. O sentimento ambíguo de ódio e respeito ao mesmo tempo que um sentia pelo outro tornou essa relação em uma das maiores da história do esporte. Na pista, a rivalidade só fazia com que eles melhorassem e se cobrassem cada vez mais na busca pela vitória. Tudo isso resultou em diversas situações angustiantes, dignas de um bom drama cinematográfico.

Mais uma das corridas que o filme retrata mostrando uma bela fotografia


É importante pontuar que não há nenhuma barreira que impeça o telespectador a entender o filme e se envolver com a história. Não é necessário ser um expert em automobilismo ou saber o que aconteceu antes e depois na história da fórmula 1 para se envolver com a trama. Basta ter em mente que a categoria vivia outros tempos, onde a segurança não era como a de hoje e só. A chamada do filme nos cinemas é: “quanto mais próximo da morte, mais vivo você se sente”, e realmente faz todo sentido. Vou dar quatro Cinestrelas para Rush! Assista!


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Encine-se: Cena, tomada, take, frame...

Olá, tudo bem?

Voltamos hoje com mais um encine-se, que é a seção do site que aprendemos juntos um pouquinho mais sobre o cinema.

O tema de hoje é sobre alguns termos cinematográficos que causam confusão em muita gente: é uma cena, uma tomada, um take... quais são as unidades cinematográficas?


Frame/ Fotograma

A menor de todas as unidade é o frame/fotograma. É basicamente uma fotografia da cena. Quando você junta vários frames num pequeno período de tempo você tem a sensação de movimento. O olho humano capta algo em torno de 30 frames por segundo, ou seja, se você passar 30 fotografias em uma tela no período de 1 segundo, você terá a sensação de que as fotografias estão se movimentando normalmente. Tipo esse gif aqui embaixo:




Take/Tomada

O take é basicamente do momento que você ligou a câmera até o momento que você pausou a gravação. O momento que corta a cena para fazer uma pausa e depois continuar. Sabe quando você vê um vídeo de erros de gravação da sua série favorita e o ator erra e tem que voltar de novo? Então, ele vai ter que refazer o take




Plano

Esse é relativamente mais fácil de explicar. Sabe quando você está assistindo um filme ou uma novela e a câmera dá um close no ator, depois dá um close no vilão. Eles estão se encarando e uma hora a câmera vai pro discurso do mocinho e depois vai pro discurso do vilão. Pois bem, cada hora que um deles está em destaque é um plano. Se tiver uma parte em que a câmeraretrata os dois, um olhando pro outro de longe, é um outro plano. Novelas fazem muito o uso de troca de planos, sempre em algum diálogo com close que é pra poder mostrar a emoção dos atores.

Confira um vídeo com uma centena dos mais incríveis planos do cinema aqui em baixo:



Cena

Por último temos a cena. A cena nada mais é do que um "pacote" com um conjunto de planos. Usando o mesmo exemplo que usamos no parágrafo acima. O mocinho faz um discurso é um plano; o vilão faz seu discurso é outro plano; a câmera mostrando os dois se encarando de longe é mais um plano; depois eles partem pra briga e se xingam uma quase vence, depois outro e assim por diante até que nosso herói vence, monta na motocicleta que estava no seu lado e vai embora. A esse conjunto de todos esses planos e acontecimentos damos o nome de cena. Muito provavelmente chamaríamos de "A Cena da Luta".





Então é isso galera, essas são as unidades cinematográficas. Nos vemos novamente amanhã! E para aprender todo dia um pouquinho mais sobre cinema você pode acompanhar a seção encine-se aqui no blog toda segunda feira (ou terça se atrasar) Tchau ;)

Encine-se: Cena, tomada, take, frame...

Olá, tudo bem?

Voltamos hoje com mais um encine-se, que é a seção do site que aprendemos juntos um pouquinho mais sobre o cinema.

O tema de hoje é sobre alguns termos cinematográficos que causam confusão em muita gente: é uma cena, uma tomada, um take... quais são as unidades cinematográficas?


Frame/ Fotograma

A menor de todas as unidade é o frame/fotograma. É basicamente uma fotografia da cena. Quando você junta vários frames num pequeno período de tempo você tem a sensação de movimento. O olho humano capta algo em torno de 30 frames por segundo, ou seja, se você passar 30 fotografias em uma tela no período de 1 segundo, você terá a sensação de que as fotografias estão se movimentando normalmente. Tipo esse gif aqui embaixo:




Take/Tomada

O take é basicamente do momento que você ligou a câmera até o momento que você pausou a gravação. O momento que corta a cena para fazer uma pausa e depois continuar. Sabe quando você vê um vídeo de erros de gravação da sua série favorita e o ator erra e tem que voltar de novo? Então, ele vai ter que refazer o take




Plano

Esse é relativamente mais fácil de explicar. Sabe quando você está assistindo um filme ou uma novela e a câmera dá um close no ator, depois dá um close no vilão. Eles estão se encarando e uma hora a câmera vai pro discurso do mocinho e depois vai pro discurso do vilão. Pois bem, cada hora que um deles está em destaque é um plano. Se tiver uma parte em que a câmeraretrata os dois, um olhando pro outro de longe, é um outro plano. Novelas fazem muito o uso de troca de planos, sempre em algum diálogo com close que é pra poder mostrar a emoção dos atores.

Confira um vídeo com uma centena dos mais incríveis planos do cinema aqui em baixo:



Cena

Por último temos a cena. A cena nada mais é do que um "pacote" com um conjunto de planos. Usando o mesmo exemplo que usamos no parágrafo acima. O mocinho faz um discurso é um plano; o vilão faz seu discurso é outro plano; a câmera mostrando os dois se encarando de longe é mais um plano; depois eles partem pra briga e se xingam uma quase vence, depois outro e assim por diante até que nosso herói vence, monta na motocicleta que estava no seu lado e vai embora. A esse conjunto de todos esses planos e acontecimentos damos o nome de cena. Muito provavelmente chamaríamos de "A Cena da Luta".





Então é isso galera, essas são as unidades cinematográficas. Nos vemos novamente amanhã! E para aprender todo dia um pouquinho mais sobre cinema você pode acompanhar a seção encine-se aqui no blog toda segunda feira (ou terça se atrasar) Tchau ;)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Os jogos que foram para a telona: Street Fighter e Mortal Kombat são aclamados nos videogames, mas não vingaram no cinema


Em meio à década de 1990, Street Figher e Mortal Kombat eram unanimidades no Super Nintendo e Mega Drive (consoles mais relevantes da época), além dos fliperamas quando o assunto era gênero de luta. Dividiam entre si as atenções do público, que de um lado ou de outro, buscavam argumentos que configurassem vantagem para a sua franquia preferida. Os fãs de Mortal Kombat diziam que o jogo era o mais violento enquanto os do Street Fighter diziam que não havia melhor jogabilidade.

Em meio a este sucesso, os dois grandes clássicos ganharam na época filmes para representá-los. O problema é que não repetiram no cinema o grande desempenho demonstrado nos games, ao menos não no aspecto técnico. Há versões mais modernas voltadas ao cinema para as franquias da Capcom e Midway, mas vou me ater a essa época numa espécie de sessão retrô.

Pôster de Street Figher - A última Batalha (1994)

Pôster de Mortal Kombat - O Filme (1995)

Street Fighter – A última Batalha foi o primeiro a ser lançado, em 1994. Com estrelas em seu elenco como Jean-Claude Van Damme interpretando o Guile, e Raúl Julia como o “chefão” Mr. Bison, o filme até foi muito bem na sua arrecadação de bilheteria, mas foi alvo de muitas, MUITAS críticas. Tanto nas falhas de construção de cenas e diálogos quanto na má adaptação dos personagens, Street Fighter deixou muito a desejar. A impressão foi de que os personagens serviram de breve inspiração e o resto realmente se perdeu no meio do caminho.

Guile vs M. Bison na tela dos games

Guile em ação contra o M. Bison no filme

Mortal Kombat – O Filme foi um pouco melhor que o seu concorrente. Se não é uma obra para entrar na história, ao menos teve um pouco mais de competência para ser mediano. Lançado em 1995, comandado por Christopher Lambert (interpretando Raiden), construiu de forma um pouco mais sólida o seu enredo e deu melhores sentidos aos seus personagens. Fisicamente eles se pareciam com os originais e as vestimentas de cada um eram bem mais fiéis.  E a trilha sonora? Essa sim é eterna e ecoa nos nossos ouvidos até hoje.

Liu Kang encarando Sub-Zero no Mortal Kombat II

Sub Zero e Liu Kang prontos para entrar em ação no Mortal Kombat - O Filme

Mortal Kombat Music Theme

Considerando que o fim de semana está chegando, o que sugere bons filmes e bons games, deixo a pergunta no ar: de que lado você está nessa luta? Há algum outro game que inspirou algum filme que você tenha gostado? Deixe o seu comentário.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Vai ficar em casa nesse feriado? Viaje com essa seleção de filmes de férias ;)

Nem sempre dá pra sair e viajar no feriado. Por falta de grana ou apenas por querer ficar em casa descansando um pouquinho. Mas nem tudo tá perdido. Assistir um filminho ou alguns filminhos pode ser uma boa maneira de passar o tempo e também conhecer mundos novos debaixo do cobertor. 

Sem mais delongas, vamos às dicas:

Assista um clássico:

Nós sabemos que os clássicos são clássicos por um motivo. São de qualidade (quase) inquestionável e quase todo mundo assistiu. Mas mesmo assim, sempre tem aquele filme que passou. Aquele que você não assistiu ainda por falta de tempo ou simplesmente a vida aconteceu. Você tem tempo hoje! Vai atrás de algum longa que todo mundo fala e você sempre quis ver. 




Pode ser um clássico "novo" como um Senhor dos Anéis; um mais antigo como um poderoso chefão ou ainda uma obra de Charlie Chaplin que você não pegou. Esses exemplos são óbvios, mas esse é o intuito mesmo. Você sabe que tem um cláááásico que não conseguiu ver ainda. O tempo é agora!


Um filme para se inspirar

Sim, você não vai viajar ou fazer algo assim nesse feriado, mas hoje pode ser o dia que você decide "No próximo eu vou viajar e vai ser ÓTIMO. CUSTE O QUE CUSTAR!!!". Sendo assim você pode se inspirar com alguns road movies ou algumas viagens ótimas da 7ª arte.



Nessa categoria podemos usar o exemplo de A Vida Secreta de Walter Mitty, história sobre uma pessoa extremamente pacata que se vê obrigada a sair em uma aventura pelo mundo em busca de uma foto. Porquê? Bom, assista o filme ;). Temos também Diários de Motocicleta, do incrível Walter Salles. Nesta obra com produção de diversos países, acompanhamos Che Guevara e seu amigo Alberto Granado desbravando a América do sul. Lindas paisagens e um mergulho na cabeça deste importante personagem histórico. Por fim temos também O Palhaço, produção nacional com o faz tudo do nosso cinema Selton Mello. Fala sobre viagens, sentimento de pertencimento e amor.


Comédias sobre férias(do) dando errado!

Bom, essa parte aqui não é exatamente sobre feriados, mas se você estiver em casa forçado pela falta de grana ou algo do tipo, você pode ao menos imaginar que "eu poderia ter saído e ser como esse pessoa aí" que saíram de casa e se deram mal.


Aqui não tem muita surpresa, mas tem uma boa gargalhada. Férias frustradas é o filme oficial pra quem não pode sair de férias e quer imaginar que foi melhor assim. Um Morto Muito Louco é um clássico de sessão da tarde sobre como conseguir se divertir em um fim de semana com um morto a tiracolo. Muito simples né? E temos também Bill Murray, esse tesouro da comédia, em seu filme Nosso Querido Bob em que Bill se transforma no pior parceiro de viagens da história. Vale a pena dar uma conferida.


Enfim, essa foi uma listinha de dicas pra você não passar o feriado em branco. Tem muitos outros filmes que valem a pena, mas começar por esses aqui já é começar com o pé direito. Agora vai curtir o feriado!


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

“ELA”, a tecnologia e um roteiro muito especial

Theodore em um de seus momentos solitários frente a Samantha

Se há uma discussão constante quando se trata da vida moderna e contemporânea, é a da relação entre homem e tecnologia. É recorrente redes sociais algumas criticas relacionadas a isso (vejam só que ironia), ou mesmo na conversa de amigos e familiares ao falarem sobre como uma determinada pessoa “não sai do celular”. Her (em cartaz como “Ela” aqui no Brasil) aprofunda essa relação ao extremo, ao ponto de Theodore Twombly, interpretado por Joaquin Phoenix, se apaixonar por Samantha, sistema operacional que se manifesta por meio da voz de Scarlett Johansson.

Spike Jonze, escritor e diretor da obra, conseguiu superar o desafio de transcender um roteiro que se fosse mal trabalhado teria tudo para ser uma história comum. Não à toa o filme foi premiado como o Melhor Roteiro Original no Golden Globe Awards e no Oscar em 2014. Ele te sensibiliza na história como um todo, pois sua construção, a atuação de Joaquin, além da trilha sonora e fotografia (belíssima e futurista como o tema do filme sugerem) guiam seus sentimentos de uma forma que você considera inevitável uma paixão que realmente parece absurda.

É interessante notar a construção desse relacionamento, pois ele não acontece do nada. A história de vida de Theodore se encaminha para o isolamento de relações humanas até chegar ao ponto de se entregar a um sistema operacional. Na sua profissão de escritor, já se sentia naturalmente muito sozinho. Sua vida amorosa não andava bem após o término de seu casamento e sua relação com amigos esfriava quando ele passava momentos de instabilidade sentimental.

Joaquin Phoenix interpretou como poucos momentos felizes e melancólicos

Por tratar de um tema tão atual, ainda que tenha sido trabalhado em um tempo futuro, o longa nos traz uma série de questionamentos. Identificamos o drama de Theodore em maior ou menor escala na nossa rotina. Não a ponto se relacionar com um sistema eletrônico (ainda, vai saber o que seremos daqui alguns anos), mas compensar a nossa solidão e nossos anseios no uso de algum tipo de tecnologia, seja ela qual for. 

O filme merece ser reconhecido como um dos melhores dos últimos anos e por isso leva 4,5 cinestrelas da produção. Se você ainda não o assistiu querido leitor, não perca tempo!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Shaolin do Sertão é como chuva na terra seca

A trama acontece na década de 80, Quando ainda existiam programas de vale tudo e artes marciais estavam bem em alta. Bruce Lee era um deus pra muita gente e ainda é por conta de filmes daquela época. E no Brasil então nem se fala. Bendita foi a da ascensão do VHS no país.
Na cidadezinha de Quixadá, conhecemos o padeiro Aloísio (Edmilson Filho). Aliás, padeiro por circunstância, porque em sua cabeça ele já é um artista marcial como os de seus filmes preferidos. Já na primeira sequência do filme temos um sonho acordado de Aloísio, com direito a estética de filmes setentistas chineses,  em que ele é o herói da história e salva Anésia Shirley (Bruna Hamu). Quando o protagonista volta pra realidade, descobrimos que seu interesse amoroso é  filha de seu patrão (Dedé Santana) e que a moça está prometida para Armandinho (Marcos Veras), que tem roupas, carro e jeito do riquinho filhinho de papai que todos já conhecemos. 

Aloísio é piada na cidade por seu notório amor as artes marciais. Mais ou menos a mesma coisa de quando se tira sarro de um nerd ou algo do tipo.
Uma oportunidade de redenção se apresenta quando Tony Tora Preula, conhecido em todo nordeste como lutador invencível, anuncia que sua turnê de desafios passará por Quixadá.Aloísio se prontifica para defender a honra da cidade, ao mesmo tempo que deseja ser um partido mais valioso para a filha de seu patrão. Mas ele precisava treinar. E como fazer isso? O boato era de que havia um mestre chinês isolado em algum lugar do sertão. Aloísio vai a procura e assim seu "treinamento" começa mestre.
Nesse treinamento percebemos o amor de Halder Gomes ao cinema. Referências aos antigos filmes chineses e também a outros clássicos como“Rocky – Um Lutador”, onde o protagonista também treina para uma luta contra um inimigo muito acima de seu nível, se fazem bem presentes. É meio clichê, talvez, mas é um clichê gostosinho de ver. Dá gosto torcer pro menor num dá?

O carisma do elenco, principalmente do ator Edimilson Filho é um grande ponto forte. Até quem não tem tanta intimidade com a câmera não deixa a peteca cair por conta desse magnetismo e alegria mostrados na tela. Outro ponto importante do filme é a capacidade de humor físico, de caras bocas e expressões de Edmilson. Lembra algo como uma versão cearense de Jim Carrey, mas um pouco mais sutil.
Também tem destaque Marcos Veras, que encarna muito natural o romântico de Aloísio, e também cearense. Não perde o ponto forçando o sotaque, mas o usa aliado ao "espírito" e trejeitos regionais. Esse espírito é inclusive o ponto mais forte do filme pra mim. As gírias, as ofensas, as entonações, o sotaque, as próprias piadas são algo de imersivas. Você tem a sensação de que não são atores imitando um estereótipo mas sim pessoas naturais e reais. Daría pra fazer um dicionário só do número de ofensas "cômicas" e nordestinas do filme.
Infelizmente, nem tudo é acerto. Algumas cenas se estendem demais, dando a impressão de que o diretor não teve coragem de cortar o material só com o mais importante. Tempo demais em um filme de comédia como esse pode ser mortal. É só você lembrar daquela vez que você começou a contar uma piada e esqueceu no meio do caminho. Mesmo que você enrole um pouco e depois lembre do final da história, o interesse e o timing já passaram. Outras cenas também sofrem por terem sido inseridas sem nenhum contexto. São cenas que tem sempre uma piadinha, mas por não terem vindo do nada e sem contexto acabam por não envolver e você percebe o final antes mesmo de chegar, tornando a sketch bastante cansativa. A cena da luta final também é bastante longa e tem-se a impressão que poderia ser pelo menos 2 minutos menor

Apesar de não ser perfeito, “O Shaolin do Sertão” se destaca por ser um respiro diferente da comédia do eixo Rio-São Paulo e também por ser uma homenagem ao gênero de artes marciais, que já foi tão popular no país e que hoje anda bastante esquecido Seu elenco carismático também ajuda demais e o tempero regional dão o último toque. Recomendamos e damos 3,5 cinestrelas pro longa. 3,8 se você assim como eu se identifica com os trejeitos do povo nordestino :)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

EnCine-se: A importância da Trilha Sonora

Trilha Sonora é um aspecto importante na qualidade do filme

Olá queridos leitores! Hoje é dia de mais um texto da sessão EnCine-se, hospedada sempre neste humilde blog que trata de tudo o que é relacionado a filmes, séries e afins. Aos leitores de primeira viagem, lembramos que o Encine-se tem como objetivo elucidar brevemente aspectos técnicos do cinema. Com um pouquinho mais de conhecimento, podemos aproveitar ainda mais os filmes que assistimos, além de ter o mínimo embasamento para avaliar uma obra.

Nesta semana vamos falar sobre a importância da trilha sonora. Você já imaginou o incômodo que seria assistir um filme inteiro sem som algum? Ainda que este filme não tivesse diálogo, como era comum nos primeiros anos da arte das telonas, havia a preocupação com a sonorização aliada à imagem. Ao menos as teclas de piano davam o ar da graça, inserindo-se as imagens em preto e branco.

Nesta fase, a música erudita era predominante, mas ao longo dos anos a música popular também ganhou destaque e hoje ambas dividem espaço nas caixas de som das telonas. Mesmo as músicas já criadas e inseridas em um filme tornam-se parte do processo e até se reconhece determinado título somente ao escutá-la. Ninguém ouve My Heart Will Go On da Celine Dion sem associar automaticamente ao Titanic, não é?

É conferida tamanha importância a musica no cinema devido ao aspecto emocional que ela traz consigo e que é transpassada ao telespectador. Sua sintonia, seja de acordes alegres ou melancólicos, está sempre em conexão com o que se vê, ajudam a ditar o ritmo das ações e enriquecem ainda mais a experiência cinematográfica. Quando se compõe uma trilha que fará parte de um filme, pensa-se nela com o intuito de passar exatamente os sentimentos que uma determinada cena pede.

Os Oito Odiados ganhou o Oscar de Melhor trilha sonora em 2016

Se visualmente uma determinada sensação pode substituir a fala pelo artista por meio da sua linguagem corporal, seja um gesto ou um olhar, por exemplo, a falta que a sonoridade faz é realmente insubstituível. A trilha está tão estritamente conectada ao filme que há uma categoria dedicada a ela no Oscar. O vencedor neste quesito em 2016 foi Os 8 odiados, de Quentin Tarantino. Há também a melhor canção original, que neste ano quem levou foi "Writing's on the wall", de Sam Smith (do filme 007 contra Spectre), além de Melhor mixagem de som e Melhor edição de som (ambas vencidas este ano por Mad Max).


Portanto caro leitor, nas próximas idas ao cinema, aguce a sua sensibilidade não só a visão e dê ouvidos ao que a obra traz. Bons filmes!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Sétima temporada de The Walking Dead estreia no próximo domingo com atenções voltadas as ações de um novo vilão

Abraham, Maggie, Rick e Sasha ajoelhados diante de Negan após serem capturados


Desde “Last Day on Earth”, último episódio da sexta temporada que foi ao ar no dia 3 de abril deste ano, os fãs de The Walking Dead esperam ansiosamente para saber quem do grupo comandado por Rick Grimes (interpretado por Andrew Lincoln) foi escolhido por Negan (Jeffrey Dean Morgan) para ser vítima da sua companheira Lucille, nome dado ao seu taco de baseball de estimação envolvido por arame farpado. A expectativa é que o episódio “The Day Will Come When You Won’t Be”, que irá ao ar no próximo dia 23 de outubro na FOX traga essa resposta.

O final em primeira pessoa impediu que os telespectadores vissem quem foi que morreu à pauladas e enlouqueceu todos os fãs da série, ainda mais depois de uma incrível interpretação de Jeffrey. Diversas teorias, enquetes e notícias circularam a internet desde então. De todo modo, como a série é baseada nas HQ’s e não necessariamente seguem os mesmo destinos dos personagens, ficamos todos na expectativa.

Cena em primeira pessoa do personagem morto por Negan vendo Lucille

Além dessa questão central, outras tantas devem se desenvolver e serão reveladas ao longo da sétima temporada. Como Rick e companhia vão reagir após a morte de um dos seus? O histórico de Rick é favorável diante dos principais vilões durante a série. De alguma forma ele sempre ganhou as grandes batalhas que enfrentou, seja diante do Governador ou em Terminus, por exemplo, fator que dá a ele uma confiança que agora está visivelmente quebrada. Será interessante ver como ele vai reagir após ter terminado de joelhos e completamente aterrorizado diante de Negan, algo incomum até então para um dos principais personagens da série.


Negan, o vilão interpretado por Jeffrey Dean Morgan, um dos destaques da sétima temporada


Negan também é um personagem no qual todos os fãs desejam ver a evolução. É um típico vilão falastrão, sarcástico, sádico. Líder do grupo dos Salvadores, surge no momento em que o grupo de Rick anseia por voltar a viver em sociedade e colocar mais pessoas sob os seus domínios, sacando os seus pertences para viver sob suas regras.


E aí leitor, deixe nos comentários quais são as suas expectativas para o episódio do próximo domingo.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Vá se preparando porque hoje começa a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Começando nesta quinta-feira (20), a tradicionalíssima Mostra já escancara que política é um dos temas centrais deste ano. No próprio cartaz oficial, criado pelo diretor italiano Marco Bellocchio e baseado no filme Bom Dia, Noite, punhos cerrados, comunismo e igreja formam uma arte provocativa. 


O festival conta com 322 filmes, entre longas e curtas, vindos de mais de 50 países. As obras serão exibidas no decorrer das duas semana do evento. Se preocupando em dar também à população mais carente acesso a cultura ,alguns CEUs receberão sessões gratuitas e direcionadas ao público jovem.
De destaques temos O Nascimento De Uma Nação, do cineasta Nate Parker, obra sobre a libertação dos escravos nos Estados Unidos. Além deste, também chamam atenção o candidato francês ao Oscar de "Melhor filme estrangeiro" Elle e o premiado documentário nacional Cinema Novo, do cineasta Eryk Rocha, filho do monstro sagrado Glauber Rocha.
Na parte das Apresentações Especiais, a curadoria do evento selecionou alguns títulos brasileiros ainda inéditos em São Paulo; clássicos do cinema mundial e homenagens ao já citado Marco Bellocchio,  o diretor polônes Andrzej Wajda, William Friedkin, diretor de O Exorcista e o brasileiro Antônio Pitanga.
A cerimônia de abertura ocorreu ontem, no Auditório do Parque Ibirapuera. Logo após a abertura, o filme Belos Sonhos foi exibido pela primeira vez no Brasil.
 Mostra de São Paulo segue até o dia 2 de novembro, com ingressos que podem ir de R$ 18 reais por um filme a pacotes para a mostra inteira que custa R$ 460.
E pra dar um gostinho, confere a vinheta:
Confira todos os locais de exibição no site oficial

terça-feira, 18 de outubro de 2016

O que vale mais, dinheiro ou memórias?

Novo filme de Kleber Mendonça Filho, do também incrível o Som ao Redor, Aquarius é a história da luta do antigo contra o novo, quase sempre vencida pelo novo. 
No meio desta luta temos Clara (Sonia Braga) que luta continuamente para preservar seu lar em um tradicional, mas já antiquado edifício em sua cidade. Mas vamos por partes.


A película inicia em um flashback com uma tomada aérea de uma praia. Ao longe vemos um carro correndo pela areia e fazendo manobras. Dentro desse carro temos jovens adultos se divertindo e rindo como jovens adultos costumam fazer. O carro para e uma das jovens decide mostrar uma música que seria a sua aposta para o hit do ano. Todos param pra ouvir Another One Bites the Dust da banda Queen. Enquanto todos curtem a música a câmera passeia por dentro e fora do veículo. Em determinado momento nos é mostrada um close da placa do carro onde se lê Recife tremendo. Com essa pequena passagem o diretor destaca tanto a cidade onde a trama se passa quanto o grave dançante da canção tocada. A música é extremamente importante pra esse filme




Os jovens voltam pra casa e adentram uma festa. Descobrimos que a jovem conhecedora de música é Clara, jornalista musical, esposa, mãe, sobrevivente de um câncer e dona do apartamento em que está ocorrendo a comemoração. Depois dessa que é uma das cenas mais interessantes do filme (não podemos falar muito porque perde um pouco da graça) o filme volta para os dias atuais e a história desenrola.
Clara ainda é dona do mesmo apartamento, mas hoje ele é cobiçado por uma imobiliária, que já adquiriu todos os demais imóveis do prédio. O objetvo da imobiliária é derrubar o prédio e construir um novo mais moderno. A recusa de Clara é o que representa a luta entre a nostalgia do lar onde seus filhos foram criados e viveu por décadas contra a ambição da especulação imobiliária que deseja o dinheiro que o novo empreendimento dará. É uma metáfora pela preservação da memória de nosso país. Até mesmo a escolha da protagonista representa isso. Sônia Braga, símbolo dos anos 80, mostrando que não é ultrapassada dando uma atuação invejável para qualquer atriz.
Importante ressaltar que essa luta pela preservação não é uma ode ao ódio pelo novo. 

Clara ouve músicas em seus LPs, mas como diz no filme, também escuta um mp3. Tudo tem seu momento.

Mas Aquarius não se limita a mostrar ao talento de Sonia e à valorização da nostalgia. Comentários sociais sobre a ganância, a hipocrisia, a luta de classes e a sexualidade em diversos momentos da vida, mesmo na velhice, são ácidos, pontuais, mas sem forçar a barra. Não são exagerados e nem parecem que foram inseridos apenas pelo politicamente correto.



A trilha sonora é incrível e faz ligação com a prórpia protagonista. Como jornalista musical, o conhecimento de Clara brilha enquanto ela nos mostra, com muito afeto, belas canções no decorrer do longa. O filme também é  cheio de closes e enquadramentos que impressionam seja pelo modo de detalhar algo, seja pela maneira de surpreender uma expectativa, referenciando o modo de se filmar de diretores mais antigos mas ao mesmo tempo com uma criatividade e leveza que são um ponto positivíssimo de Kleber Mendonça Filho

Em mãos menos competentes seria uma história comum. Sem grandes momentos de clímax ou coisas do tipo. Mas a junção do olhar detalhista do diretor e da atuação MAGISTRAL de Sônia Braga faz com que a história transcenda do comum para o extraordinário. Extremamente recomendado.