quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Mais do que falar sobre automobilismo, Rush retrata o extremo do limite humano

À esquerda Chris Hemsworth, que interpreta James Hunt e à direita Daniel Brühl com o papel de Niki Lauda

Neste fim de semana acontece mais um Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Se atualmente Niko Rosberg e Lewis Hamilton são os candidatos ao título, aproveito este gancho para analisar nas próximas linhas o filme Rush – No Limite da Emoção, lançado em 2013.

Baseado em fatos reais, a linha condutora do longa é retratar a história da luta pelos títulos mundiais da categoria no final da década de 1970 entre o britânico James Hunt e o austríaco Niki Lauda. Porém, a grande sacada da narrativa do filme de Ron Howard é a sua complexidade, que não se limita a discorrer apenas sobre o aspecto esportivo da disputa, mas como as personalidades de cada um os levam ao limite que interferem em suas vidas como um todo. Tecnicamente o filme é muito bem produzido, as cenas de ação envolvem todo o clima vivido pelos protagonistas.

Os dois sempre tiveram embates ao longo da carreira. Desde jovens, quando eram grandes promessas, até de fato serem os maiores pilotos da época. Hunt, interpretado por Chris Hemsworth, era um cara que vivia a vida sem limites, o típico galã, que adorava a noite, bebidas e os holofotes. Isso se traduzia em arrojo nas pistas, inconsequente em alguns casos.

Lauda (interpretado por Daniel Brühl), por sua vez, era muito mais frio, discreto, analítico. Isso o transformava em um completo obstinado por ser o melhor naquilo que fazia, tanto na maneira de guiar como em conhecer tecnicamente cada detalhe de seu carro e das pistas.

Hunt e Lauda em uma das muitas discussões fora da pista

Essas características de cada um entram em embate com o passar do tempo e tornam-se cada vez mais fortes nos pilotos. O sentimento ambíguo de ódio e respeito ao mesmo tempo que um sentia pelo outro tornou essa relação em uma das maiores da história do esporte. Na pista, a rivalidade só fazia com que eles melhorassem e se cobrassem cada vez mais na busca pela vitória. Tudo isso resultou em diversas situações angustiantes, dignas de um bom drama cinematográfico.

Mais uma das corridas que o filme retrata mostrando uma bela fotografia


É importante pontuar que não há nenhuma barreira que impeça o telespectador a entender o filme e se envolver com a história. Não é necessário ser um expert em automobilismo ou saber o que aconteceu antes e depois na história da fórmula 1 para se envolver com a trama. Basta ter em mente que a categoria vivia outros tempos, onde a segurança não era como a de hoje e só. A chamada do filme nos cinemas é: “quanto mais próximo da morte, mais vivo você se sente”, e realmente faz todo sentido. Vou dar quatro Cinestrelas para Rush! Assista!


Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, muito bom. Entre as boas coisas de Rush é que nenhum dos personagens principais podem ser retratados como "mocinho" e "vilão", são anti-heróis que lutam por objetivo comum, ser campeão de F1. Hunt e Lauda tiveram a rivalidade muito bem retratada e só deixa os fãs do automobilismo pensando em como seria um filme relatando a rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost, seria outro filme genial.

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