Brad Pitt interpreta Billy Beane, lendário gerente geral do Oakland Athletics
Não é novidade para os
brasileiros o discurso de que quem conhece de bola de verdade é o boleiro, o
ex-jogador que viveu a experiência dentro de campo. Essa abordagem perdura até
os dias de hoje na análise esportiva e mesmo na escolha de comissões técnicas
dos clubes. Não que essa experiência seja descartável, pois a vivência prática
é realmente um fator muito importante, mas há outros tantos a serem levados em
consideração.
Ainda estamos engatinhando
quando o assunto é análise de desempenho e uso da estatística no esporte quando
negamos a força dos números. Quanto mais informações, mais base se tem para a
tomada de decisões técnicas. Isso é um fato, seja para o basquete ou mesmo o
futebol. É claro que há múltiplas variáveis para cada tipo de esporte, mas encontra-las
e saber usá-las torna-se fundamental quando se trata de alto rendimento. No
mundo do baseball norte-americano não era muito diferente, um
universo fechado e restrito apenas a ex-atletas e dirigentes seculares
comandando e discutindo o esporte com os mesmos conceitos de sempre. E é a
partir daí que vamos discutir a importância do Moneyball - O Homem que mudou o Jogo.
O filme é baseado em
fatos reais, inspirado no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis,
lançado em 2003 (e em 2015 em português pela editora Intrinseca). Trata-se do
relato da história de Billy Beane (Brad Pitt), gerente geral do
Oakland Athletics. Com um dos orçamentos mais baixos da liga, Billy não tinha o
poderio financeiro para contratar os atletas mais renomados da MLB (Major
League Baseball – a grande liga da modalidade nos Estados Unidos). Competitivo
que era, não aceitava que isso impusesse ao seu time o mero status de
coadjuvante. Buscou então parceria com Peter Brand (Jonah Hill), e deu a ele
carta branca para desenvolver os seus diversos métodos estatísticos para
analisar o real desempenho de atletas, contrariando a velha guarda de sua
equipe técnica.
Billy Beane e Peter Brand analisando o desempenho de possíveis contratações
Peter começou a fornecer
todas as informações que Billy precisava para negociações mais baratas e
efetivas, aquelas que o senso comum dos dirigentes podiam ver. Esses dados
apontavam o que somente o olhar não podia analisar e assim ele começou a fazer
com que o pobre Oakland A’s conquistasse grandes resultados, completamente
desproporcionais a sua baixa folha salarial, ano após ano. Enquanto seus
adversários pagavam milhões por grandes estrelas, a dupla encontrava em
jogadores das divisões inferiores habilidades muito semelhantes e que não
haviam recebido nenhuma oportunidade.
Outro ponto muito legal do
filme é que essa barganha fazia dos dias de negociações uma verdadeira loucura,
tornando o escritório da equipe uma espécie de grande bolsão do mercado financeiro. É
muito interessante ver os bastidores do esporte e o seu lado “bolsa de
valores”.
A grande barreira para o
entendimento pleno do filme (e talvez a única, mas não desistam!) é o
conhecimento básico do baseball. Primeiro porque o roteiro ajuda bastante,
trazendo algumas características do esporte para uma linguagem que o grande
público consegue entender, além de estar focado muito na dramática de Billy
Beane, um cara tão excêntrico e bem interpretado pelo Brad Pitt.
Beane, o homem que mudou o jogo
Falando um pouco da minha própria experiência, foi depois de assistir ao filme que eu passei a admirar este esporte e o melhor, enxergar todos os outros de forma ampla e menos estigmatizada. A gestão racional de Billy não é só um exemplo de sucesso esportivo, mas também administrativo. Pra quem é fã de esporte, seja qual for, Moneyball é simplesmente imperdível.
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