segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Invertendo a relação de maior poder financeiro com sucesso esportivo, Moneyball traz a revolução estatística ao esporte

Brad Pitt interpreta Billy Beane, lendário gerente geral do Oakland Athletics

Não é novidade para os brasileiros o discurso de que quem conhece de bola de verdade é o boleiro, o ex-jogador que viveu a experiência dentro de campo. Essa abordagem perdura até os dias de hoje na análise esportiva e mesmo na escolha de comissões técnicas dos clubes. Não que essa experiência seja descartável, pois a vivência prática é realmente um fator muito importante, mas há outros tantos a serem levados em consideração.

Ainda estamos engatinhando quando o assunto é análise de desempenho e uso da estatística no esporte quando negamos a força dos números. Quanto mais informações, mais base se tem para a tomada de decisões técnicas. Isso é um fato, seja para o basquete ou mesmo o futebol. É claro que há múltiplas variáveis para cada tipo de esporte, mas encontra-las e saber usá-las torna-se fundamental quando se trata de alto rendimento. No mundo do baseball norte-americano não era muito diferente, um universo fechado e restrito apenas a ex-atletas e dirigentes seculares comandando e discutindo o esporte com os mesmos conceitos de sempre. E é a partir daí que vamos discutir a importância do Moneyball - O Homem que mudou o Jogo.

O filme é baseado em fatos reais, inspirado no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis, lançado em 2003 (e em 2015 em português pela editora Intrinseca). Trata-se do relato da história de Billy Beane (Brad Pitt), gerente geral do Oakland Athletics. Com um dos orçamentos mais baixos da liga, Billy não tinha o poderio financeiro para contratar os atletas mais renomados da MLB (Major League Baseball – a grande liga da modalidade nos Estados Unidos). Competitivo que era, não aceitava que isso impusesse ao seu time o mero status de coadjuvante. Buscou então parceria com Peter Brand (Jonah Hill), e deu a ele carta branca para desenvolver os seus diversos métodos estatísticos para analisar o real desempenho de atletas, contrariando a velha guarda de sua equipe técnica.

Billy Beane e Peter Brand analisando o desempenho de possíveis contratações

Peter começou a fornecer todas as informações que Billy precisava para negociações mais baratas e efetivas, aquelas que o senso comum dos dirigentes podiam ver. Esses dados apontavam o que somente o olhar não podia analisar e assim ele começou a fazer com que o pobre Oakland A’s conquistasse grandes resultados, completamente desproporcionais a sua baixa folha salarial, ano após ano. Enquanto seus adversários pagavam milhões por grandes estrelas, a dupla encontrava em jogadores das divisões inferiores habilidades muito semelhantes e que não haviam recebido nenhuma oportunidade.

Outro ponto muito legal do filme é que essa barganha fazia dos dias de negociações uma verdadeira loucura, tornando o escritório da equipe uma espécie de grande bolsão do mercado financeiro. É muito interessante ver os bastidores do esporte e o seu lado “bolsa de valores”.

A grande barreira para o entendimento pleno do filme (e talvez a única, mas não desistam!) é o conhecimento básico do baseball. Primeiro porque o roteiro ajuda bastante, trazendo algumas características do esporte para uma linguagem que o grande público consegue entender, além de estar focado muito na dramática de Billy Beane, um cara tão excêntrico e bem interpretado pelo Brad Pitt.

Beane, o homem que mudou o jogo

Falando um pouco da minha própria experiência, foi depois de assistir ao filme que eu passei a admirar este esporte e o melhor, enxergar todos os outros de forma ampla e menos estigmatizada. A gestão racional de Billy não é só um exemplo de sucesso esportivo, mas também administrativo. Pra quem é fã de esporte, seja qual for, Moneyball é simplesmente imperdível.

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