O sempre elegante e delicado Jude Law está quase irreconhecível no filme. Mais corpulento, velho, calvo e violento. Não lembra em nada outros personagens como o sedutor Alfie ou o recente Dr Watson. Jude explora muito bem essa faceta de sua atuação que nunca havia mostrado nas telonas, e parece se divertir horrores encarnando o gangster inglês. Isso é explicito logo no começo do filme, quando o personagem faz um longo monólogo sobre sua genitália.
Contando com a ajuda de seu melhor amigo e parceiro Dickie (Richard E. Grant), Dom tenta se reinserir na sociedade e na sua “profissão”, mas os dias são outros e os companheiros percebem que talvez já estejam ultrapassados – o que é ruim pra eles, mas divertido de acompanhar.
Por causa de alguns diálogos longos e frequentemente não relacionados à trama, a película tem resquícios tarantinêscos. Infelizmente, apesar da semelhança de estilo, por vezes derrapam, não sendo verossímeis, como na cena em que um chefão do crime londrino relembra de maneira quase infantil do seu antigo bichinho de estimação. Outro ponto negativo é a narrativa de Evelyn, filha de Dom. Por demorar demais a entrar em cena, o expectador não tem tempo suficiente para criar empatia e torcer por sua personagem.
Em análise final, A Recompensa tem altos e baixos, mas a atuação surpreendente de Jude Law, o figurino e carisma de Richard E. Grant e uma cena musical em que vemos que Emilia Clarke não é só uma boa atriz, mas também uma competente cantora, tornam o filme uma boa pedida de diversão sem muito compromisso. Vale a pena conferir.
Crítica publicada originalmente no Kult Me